Eu acredito na força da educação. Também acredito no poder dos estudantes. Quando escrevi meu livro tinha em mente que o leitor médio dele seria aquele estudante que está na primeira metade do seu curso universitário, que possui um desconforto com injustiças que ocorre o seu redor, mas não sabe muito bem o que fazer para reduzir ou eliminá-las.
Pois bem, me parece -- e essa é uma impressão -- que esse tipo de estudante é o mesmo que normalmente integra os times Enactus pelas universidades brasileiras. A Enactus é uma instituição sem fins lucrativos internacional que estimula estudantes universitários a melhorar o mundo por meio do empreendedorismo social.
Funciona assim: um grupo de estudantes monta um time em sua universidade (com autorização e apoio da equipe nacional Enactus). Os times podem conter alunos de um ou mais cursos e níveis. Não há restrição. O time, depois de formado, busca problemas sociais nas comunidades em que está inserido. Com o conhecimento que os alunos estão recebendo e gerando nos cursos que frequentam, eles criam projetos com soluções para os problemas encontrados. Isso tudo com o suporte de um ou mais professores conselheiros. É uma proposta similar à extensão universitária, um dos três pilares do ensino superior brasileiro.
Esses projetos (vinculados a um ou mais dos 17 objetivos do desenvolvimento sustentável propostos pela ONU) participam todo ano de um campeonato nacional, com fases preliminares (em ligas sorteadas) e uma fase final. Além da premiação do campeonato há outras premiações, em dinheiro, oferecidas pelas empresas parcerias, que valorizam aspectos característicos dos projetos como ética, sustentabilidade e empoderamento feminino, por exemplo. O projeto vencedor do campeonato nacional vai à disputa em um campeonato internacional, também realizado anualmente, com times vencedores nos campeonatos de seus países.
Na semana passada rolou o campeonato nacional do Brasil 2016, em Fortaleza/CE. Participei como professor avaliador e fiquei positivamente surpreso com a qualidade e o nível dos projetos apresentados. O vencedor foi o projeto Teia de Trabalho, do time da Universidade Federal do ABC (UFABC) que trata pacientes com transtornos mentais, buscando melhorar a qualidade de vida e promover sua reinserção social, também abrindo novas perspectivas de geração de renda. Além desse, o time possui outros projetos com grande impacto social em andamento.
Veja as universidades participantes e sua colocação na disputa:
Aqui um vídeo do primeiro dia do evento produzido pela organização:
Neste ano, além do campeonato em si, o Enactus inovou e criou o I Simpósio Nacional de Empreendedorismo Social, que apresentou quase 40 trabalhos de pesquisa realizados nas universidades em todo o Brasil. Dessa forma a iniciativa consegue contemplar agora os três pilares da educação superior brasileiro: ensino, pesquisa e extensão.
E, afinal, o que significa Enactus? ENtreprenerial ACTion for others create a better world for US (ação empreendedora para os outros cria um mundo melhor para nós), um título que se comprova pelos números que apresenta: no mundo está presente em 39 países, 1740 universidades, é apoiado por mais de 550 corporações e tem a participação de mais de 69000 estudantes. Já no Brasil são 80 times, 1800 estudantes, 117 projetos, 150.000 horas voluntárias e 9500 pessoas diretamente impactadas).
Se você é estudante ou docente universitário e sua instituição ainda não tem um time Enactus, perde ela, perdem os estudantes e perde a comunidade da região. No ano passado conversei com a Paula Parra, gerente de programa, que é uma das pessoas que você pode contatar para saber mais informações para leva-lo até sua instituição e até agendar uma ação.
Essa é, portanto, a força da educação, dos estudantes e, claro, do empreendedorismo social.
Um abraço.
Gabriel