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Foto do escritorGabriel Cardoso

Pandemia, respiradores e o pico da curva (na saúde mental)

Pandemia, pico da curva e respiradores. Essas e outras palavras agora frequentes em nosso cotidiano surgiram em decorrência da expansão do coronavírus pelo globo e se referem de forma geral ao impacto do Covid na saúde física das pessoas. Enquanto direcionamos nossa atenção à crise de saúde pública e nos impactos econômicos dela oriundos, há uma discussão em segundo plano e envergonhada, estando longe dos holofotes, que é a crise da saúde mental que também estamos passando.


Como dizem por aí: estão todos em uma mesma tempestade, mas nem todos estão no mesmo barco. Se a Covid no dia de hoje já atingiu (dizem os números oficiais) quase 2% da população brasileira, qual é o impacto social negativo, dela decorrente, com problemas de saúde mental? Essa tempestade também está acontecendo e me parece que não estamos pensando nos melhores barcos para enfrentá-la.


Se olharmos para nós e para nosso lado, perceberemos, via de regra, que as pessoas não estão bem emocionalmente, claro! São mudanças de hábitos, comportamentos e situações de segurança que não esperávamos que ocorressem tão bruscamente. Todos estão lutando para manter a sanidade diante “dessa loucura” (a expressão mais usada por meus conhecidos para explicar o que vivemos).


Poderia explorar as notícias que temos sobre o aumento do número de atendimento em hospitais por intoxicação,  alcoolismo, uso indevido de remédio controlado, substâncias tóxicas e ou psicoativas em excesso. Podemos lembrar também das notícias e das estatísticas que apontam para o aumento vertiginoso da violência doméstica ou outras curvas crescentes que aumentaram junto a de casos da Covid. Ambos os fenômenos me parecem ser efeitos da crise de sanidade mental que atravessamos.


Circunstâncias de grandes rupturas como a da pandemia escancaram a extrema vulnerabilidade humana, algo que tentamos esconder ou nos autoenganar durante a vida. Os últimos seis meses mostraram, de forma muito assertiva, a impermanência das coisas: das relações, carreiras, famílias, amizades e, claro, da vida. E como um não especialista da área, acredito que são esses fortes e velozes encontros com a verdade, que não estamos acostumados, que está adoecendo emocionalmente a todos.


Nessa incapacidade binária que vivemos enquanto nação, quero alertar que esse texto não busca diminuir os problemas sanitários, econômicos e sociais que estamos enfrentando, mas também trazer à tona o problema mental que acontece paralelamente.


O ecossistema de impacto social: sejam empreendedores sociais, inovadores, investidores de impacto, organizações da sociedade civil, negócios de impacto (e demais atores) têm aqui um campo para direcionar suas atenções e esforços na busca de uma recuperação genuinamente humana e sustentável.


Como podemos reduzir essa curva? Qual será o novo normal da saúde mental de nosso país? Quando aceitaremos que a saúde mental brasileira se tornou um problema social?








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