“É conhecida uma piada que diz que o assinante da Netflix passa mais tempo escolhendo o filme a que vai assistir do que, de fato, o assistindo”. Era assim que iniciava a matéria do Jornal Zero Hora “50 Filmes que você tem que assistir no Netflix” que prontamente me chamou atenção.
Talvez não exista nada mais forte para captar nossa seletiva atenção do que a identificação com um tema. E se o assunto é se perder na organização do Netflix para encontrar algo que se queira assistir, a minha atenção estará voltada.
Foi assim que comecei a percorrer a lista criada pelo Jornal Zero Hora, lendo cada uma das sinopses, pulando os filmes que eu já havia assistido, e “printando” no celular aqueles que iria assistir. Selecionei exatos trezes filmes (número que no Brasil dá azar dobrado) e escolhi um para assistir na noite chuvosa de ontem, o que significa verão em Brasília.
Escolhi Feitiço do Tempo (Groundhogday, 1993), estrelado por Bill Muray que interpreta um repórter do tempo um tanto quanto egocêntrico. Pelo quarto ano seguido ele é indicado pela sua emissora para, a muito contragosto, cobrir o famoso “Dia da Marmota” no interior da Pensilvânia; uma festa que gira em torno do comportamento da marmota mais famosa da cidade e sua relação com a previsão meteorológica. É por isso que o repórter não gostaria de estar lá pelo quarto ano e, claro, pretendia ir embora da cidade logo após a cobertura do evento. Isso não acontece porque surpreendentemente o repórter fica preso no tempo condenado a viver eternamente aquele dia. O mesmo dia que se inicia às 6h da manhã e termina às 5h59.
Pela sinopse que apresentei, você percebeu que trata-se de um filme de humor; e, provavelmente, humor bobo. É, de fato as piadas fazem parte do estilo americano na década de 90 e dos principais blockbusters do ramo. Mas o que torna o filme bom não são as piadas e sim a prisão no tempo. Já imaginou como seria se você vivesse em um mesmo dia eternamente?
Inicialmente pode parecer uma experiência interessante. Pode-se até imaginar algumas vantagens na situação. Mas há um obstáculo principal e que exclui qualquer possível benefício: toda evolução na relação com as pessoas desenvolvida em um dia finda-se ao seu término, e, assim, o protagonista precisa retornar ao início e recomeçá-las à 6h da manhã.
Se você ainda não assistiu o filme, fica aqui a minha recomendação. Não serei ainda mais spoiller e te contar o que aconteceu.
Mas a principal reflexão que se tem com a obra é sobre a utilização do tempo, um desafio para todos nós. Como você utiliza o tempo da sua vida? Você acredita que o faz de forma sábia? E se a única forma do tempo passar fosse a sua boa utilização?
Foi essa reflexão que me fez dormir ontem, em um domingo, agradecendo a forma como utilizei meu tempo e o dia que tive.
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