A adolescente americana Haile Thomas ensina as crianças a preparar alimentos saudáveis e sustentáveis através da The HAPPY Organization (Crédito: Haile Thomas | Facebook)
As mudanças recentes no ensino médio trouxeram alguns avanços que buscam recuperar uma parte do déficit qualitativo que existe, infelizmente, no modelo educacional brasileiro.
Uma das mudanças que mais me agradou foi a ideia dos itinerários formativos: uma parte flexível do currículo que permitirá os estudantes desenvolverem competências, em um ou mais campos, na busca de aprofundamento ou atuação qualificada no mercado de trabalho.
Os itinerários formativos serão de três tipos: aqueles voltados às áreas de conhecimento (linguagens, matemática, ciências e suas tecnologias); os de formação técnica-profissional; ou os o do tipo integrado, que combinam os dois modelos anteriores. Na elaboração dos itinerários, educadores deverão considerar o perfil e os interesses dos estudantes, o contexto local, além das demandas do mundo contemporâneo, favorecendo assim um modelo de aprendizagem contextualizado, significativo e autêntico.
O que mais se destaca, porém, é a orientação para que os itinerários formativos transitem a partir de um ou mais eixos estruturantes, estes que compreendem temáticas das mais relevantes para o mundo moderno. São eles: (I) Empreendedorismo; (II) Processos Criativos; (III) Investigação Científica; (IV) Mediação e intervenção sociocultural.
No eixo de empreendedorismo, o estudante terá oportunidade de criar empreendimentos pessoais, produtivos, sociais e articulados com o seu projeto de vida durante o ensino médio. Desenvolverá habilidades como autoconhecimento, elaboração de um projeto de vida, iniciativa, além de conhecimentos em gestão de iniciativas empreendedoras, contexto mercadológico, mundo do trabalho, dentre outros. A proposta busca que o estudante, ao final, esteja apto a estruturar iniciativas empreendedoras que fortaleçam a atuação como protagonista da própria trajetória.
Destaco ainda a grande relevância dos outros três eixos estruturantes. Processos criativos, por exemplo, é o eixo que visa desenvolver no aluno a capacidade de se expressar criativamente e/ou construir soluções inovadoras para problemas da sociedade e do mundo do trabalho. Já o eixo de investigação científica busca capacitar o estudante para compreender e resolver situações cotidianas para promover o desenvolvimento local e a melhoria da qualidade de vida da comunidade. Por fim, em mediação e intervenção sociocultural, espera-se que o estudante seja capaz de mediar conflitos e propor soluções para problemas da comunidade.
Como comentei neste vídeo, acredito que perfil o empreendedor e o empreendedorismo devem ser estimulados ainda mais cedo, nas crianças, a fim de que tenham competências e habilidades indispensáveis para o mundo que as espera. Penso que processos criativos e investigação científica também (afinal, todo bebê já nasce sabendo o método científico básico)!
Sim, nosso modelo educacional é repleto de problemas e desafios, como Daniel Barros brilhantemente explorou no livro “País Mal Educado: por que se aprende tão pouco nas escolas brasileiras?”, mas temos que louvar os avanços que damos, e penso que a ideia dos itinerários formativos e dos eixos estruturantes prioritários foi um grande passo!
Agora é hora de executar, momento que toda ideia brilhante ganha vida – ou a morte.
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