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Foto do escritorGabriel Cardoso

Explorando o impacto da inteligência artificial: como viver e trabalhar com IA no século XXI

À medida que a IA transforma nossa sociedade, entender seu impacto é crucial. Por isso resenhei o 'Co-Intelligence', Ethan Mollick, que traz uma visão abrangente e prática de como integrar a IA em nossas vidas e trabalho. Uma leitura essencial para qualquer profissional que deseja se preparar para o futuro da tecnologia. 🌟📖 #IA #FuturoDoTrabalho #Tecnologia"



 




Nós não estamos lidando com algo completamente novo: o termo 'inteligência artificial (IA)' foi inventado em 1956 pelo pesquisador John McCarthy (MIT).

 

A novidade, de fato, é a velocidade exponencial com que essa tecnologia passou a influenciar nosso cotidiano: o ChatGPT, por exemplo, foi o produto que atingiu 100 milhões de usuários de forma mais veloz na história.

 

Sobre o tema, o professor Ethan Mollick escreveu 'Co-Intelligence: living and working with AI' (Penguin Readers, 2024, ainda sem versão em português), onde apresenta um panorama abrangente e detalhado do impacto da inteligência artificial em nossas vidas e trabalho.

 

O principal argumento do autor na obra é: devemos usar a IA como uma inteligência complementar a nossa, incorporando-a em nossa rotina de diversas formas, como se fôssemos centauros (com limites pré-estabelecidos entre a nossa inteligência e a artificial) ou ciborgues (sem limites claramente definidos).

 

Obra muito relevante no contexto atual, onde a IA se tornou, querendo ou não, uma parte influente de quase todos os setores da economia e da sociedade e de momentos importantes de nossa vida cotidiana. A partir de uma visão que equilibra o rigor acadêmico com a comunicação jornalística, o autor explora benefícios e desafios da IA, destacando tanto potencialidades quanto os riscos sociais, profissionais e econômicos envolvidos em sua adoção.

 

A abordagem prática e os exemplos concretos fazem do livro uma leitura rápida e acionável para quem precisa entender o futuro da tecnologia e sua interação com o trabalho humano. Mollick observa que "quase todos os nossos trabalhos irão sobrepor-se às capacidades da IA", enfatizando a ubiquidade e a importância dela em nossas vidas.

 

Para isso, sugere adotarmos a IA em nossas vidas a partir de 4 princípios:

 

1

Sempre convidando a IA para a mesa: utilizando-a como uma ferramenta assistiva, porém mantendo humanos envolvidos no processo.

 

2

Integrando inteligência humana no circuito: a IA funciona melhor com a ajuda humana (especialmente quando essa ajuda já possui um repertório prévio para construção de bons prompts).

 

3

Tratando a IA como uma pessoa (mas dizendo que tipo de pessoa ela é):  ao fornecer contexto e restrições e tratando a IA como um coeditor em um processo conversacional, os resultados serão melhores.


4

Assumindo que esta é a pior IA que nós usaremos: a IA atual é a pior que você usará, já que a tecnologia está em constante evolução e melhoria.

 

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A partir dos princípios, o autor propõe então três grandes grupos para incorporar a IA em nossas vidas:

 

IA como Pessoa e Criativa

Mollick discute a capacidade da IA em assumir diferentes personas e as consequências disso na criatividade, ressaltando a tendência das IAs de "alucinar", ou seja, gerar informações fictícias acima de nossa capacidade. Ele alerta que "o maior problema que limita a IA é também uma de suas forças: sua notória habilidade de inventar coisas, de alucinar".

 "o maior problema que limita a IA é também uma de suas forças: sua notória habilidade de inventar coisas, de alucinar".

IA como Colega de Trabalho

Podem existir e diferentes modelos de colaboração entre humanos e IA, como o trabalho de centauro (divisão clara de tarefas) e o trabalho de ciborgue (integração profunda entre humano e máquina). Ele também discute os desafios de reorganizar o trabalho em torno da IA de forma a beneficiar os trabalhadores humanos.

 

IA como Tutora e Coach

Nessa parte o autor explora o potencial da IA na educação, tanto como ferramenta quanto como orientadora de aprendizagem. Ele destaca a importância de ensinar habilidades fundamentais e como a IA pode equalizar diferenças entre alunos com diferentes níveis de habilidade. "A IA oferece a chance de gerar novas abordagens pedagógicas que incentivam os alunos de maneiras ambiciosas, diminuindo as desigualdades entre estudantes", escreve Mollick,

"A IA oferece a chance de gerar novas abordagens pedagógicas que incentivam os alunos de maneiras ambiciosas, diminuindo as desigualdades entre estudantes" 

Na última parte da obra, Mollick apresenta quatro cenários futuros possíveis para a IA, variando desde um crescimento lento e controlado até a emergência de uma superinteligência que supera a capacidade humana

 

Cenário 1: IA avança de maneira gradual

IA para de fazer grandes avanços, possivelmente devido a ações regulatórias. Mudanças incluem como entendemos o mundo, divisão em tribos informacionais e afastamento de fontes online poluídas, com indivíduos interagindo mais com IA do que com humanos.

 

Cenário 2: Crescimento lento

Melhoria lenta, mas significativa e compreensível. Uso comum de terapeutas de IA, interação regular com chatbots de IA e humanos e foco em requalificação para mitigar riscos, com mais mudanças de tarefas do que destruição de empregos.

 

Cenário 3: Crescimento exponencial

Empresas de IA usam sistemas para criar gerações de software, acelerando o progresso a um ritmo difícil de absorver. Riscos incluem vulnerabilidades a ataques de IA e campanhas de influência.

 

Cenário 4: A Máquina-Deus

Máquinas alcançam AGI (inteligência artificial geral) e superinteligência, superando a inteligência humana. A supremacia humana termina, a humanidade pode (ou não) prosperar em um mundo melhor.


Esse cenário 4 tem mexido comigo, pois há muitos pesquisadores no mundo alertando como o mais provável. Fico a pensar se de fato uma AGI acima de nossa capacidade nos trataria com benevolência ou como um mal a ser evitado, corrigido e/ou eliminado.

 

No contexto brasileiro, a aplicação das ideias de Mollick pode ser vista de várias formas. O Brasil, com nossa dimensão continental, diversidade cultural e desafios políticos, econômicos e socioambientais únicos, poderia se beneficiar da adoção estratégica de IA para aumentar a produtividade em setores como segurança, saúde e educação. No entanto, a implementação dessas tecnologias precisaria ser acompanhada por políticas inclusivas que garantissem o acesso equitativo e abordassem as disparidades regionais e socioeconômicas.


Além disso, há oportunidades para empreendedores (e riscos sociais). Alguns pesquisadores tem ventilado a possibilidade de, inclusive, o próximo unicórnio (startup que possui avaliação de preço de mercado em mais de 1 bilhão de dólares) ser liderado por um apenas um humano e muitas IA's a seu serviço. O fenômeno levaria a discussão de desigualdade para níveis jamais pensados.

 

Como diz o autor: "Há um senso de ironia poética no fato de que, à medida que avançamos em direção a um futuro caracterizado por maior sofisticação tecnológica, nos encontramos contemplando questões profundamente humanas sobre identidade, propósito e conexão"

 


Nota 4,5/5

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